terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

VENTO NORTE DE SANTA MARIA

Santa Maria é uma cidade com conteúdo, rica em cultura, em curiosidades, particularidades. Uma delas é o tradicional vento Norte. Confesso ser, climaticamente falando, uma das situações que mais me desagradam. O fenômeno acontece pois a cidade é cercada por morros, resultado do derramamento basáltico ocorrido no Pleistoceno (aí originando a alcunha de Santa Maria da Boca do Monte). Ele é seco, irregular - podendo ocorrer diversas ou apenas uma vez por ano -, aparecendo principalmente no inverno e na primavera e antecede períodos de chuva. Para as donas-de-casa, chega a ser um aliado. A roupa demora menos tempo no varal para secar. É um vento muito potente, quente, que, dependendo da circunstância, chega a formar redemoinhos e em alguns momentos você tem que fechar sua casa, mesmo que a rua seja asfaltada, pois se a medida não for tomada, sua casa será invadida por algumas doses de poeira. Há registros de que já tenha chegado a 140 km/h. Há também uma lenda indígena de que um bandeirante foi capturado por um índio da tribo Tapes, amarrado no lombo de um cavalo, que saiu em disparada com ele. Já distante da área indígena, rogou uma praga ao local, dizendo que quem morasse li sofreria frequentemente com um vento forte, quente, insuportável, que tiraria o sossego dali.

Em geral, são três dias de vento, sendo o último o mais insistente, com as rajadas mais fortes do período, onde há situações até mesmo perigosas, como fios da rede elétrica balançando e se chocando, postes, telhas, árvores ou até mesmo placas de publicidade caindo, com galhos, folhas e poeira voando na sua direção. Muitos ficam de mau humor e relatam que o número de crimes no município aumentam com a incidência do vento. Pentear o cabelo em dia de vento Norte, por exemplo, não é uma boa ideia. Os minutos de esforço acabarão em fração de segundos, com eles totalmente esvoaçados, rebeldes como a própria natureza.

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